O estado geral da casa e o modo como cuidamos dela têm tudo a ver com nossa saúde. Descubra o que acontece e quais cuidados ter com seu lar
Texto: Ivonete Lucírio / Foto: Shutterstock / Adaptação: Ana Paula Ferreira
Os produtos de limpeza podem ser grandes inimigos da saúde. Aposte em álcool, água e sabão
na hora da limpeza. Foto: Shutterstock
Nossa saúde sofre o dia todo com a poluição na rua, o ar-condicionado no trabalho, os germes trocados no transporte público. Por isso, nosso lar deveria ser o templo do bem-estar. Mas, muitas vezes, o que é usado para o bem acaba fazendo mal. Produtos de limpeza, por exemplo. Ninguém esfrega o carpete ou a janela achando que isso vai fazer mal a alguém. Mas faz. Uma pesquisa realizada na Universidade de Bristol, na Inglaterra, indicou que os químicos usados na higienização da casa são um importante causador de asma em crianças.
Ninguém aqui está falando para que você abandone o hábito tão saudável da higiene. A questão é não exagerar e não acreditar que, quanto mais forte o cheiro, mais eficiente é o produto. “Álcool, por exemplo, é ótimo para limpeza”, diz a alergologista carioca Fátima Emerson, autora do Blog da Alergia. Tanto que ele entra na composição de vários produtos de limpeza. São várias as vantagens: é capaz de matar germes e bactérias, tem baixo custo e, como evapora rapidamente, praticamente não deixa cheiro. “Água e sabãotambém são bastante eficientes e costumam dar cabo de 99,99% dos micro-organismos que vivem no ambiente”, garante o especialista em infectologia Plínio Trabasso, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O importante não é deixar tudo brilhando, mas eliminar o que pode causar mal à saúde. Poeira é uma dessas pragas. “Na verdade, o que chamamos de poeira é uma mistura de partículas como fragmento e fezes de ácaros, de baratas, restos de alimentos, pelos de animais, descamação da pele e fibras de tecido”, detalha Fátima. Desses todos, o pior é mesmo o ácaro. Eles são parentes das aranhas, só quemicroscópicos. Aproveitam o clima úmido para se desenvolver.
As crises de alergia são disparadas por fragmentos do corpo do bicho e suas fezes. Com o tempo, eles se transformam em um pó fino que se deposita nos colchões, tapetes, estofados e até em roupa. Bichos de pelúcia, então, são a morada ideal. Podem conter mais de 500 ácaros por grama de pó.
Fumaça, mofo e bactérias
A contaminação dos vários ambientes da casa pode se dar também por outros agentes. “O principal poluente é a fumaça do cigarro. Nas casas com lareira, o pó da lenha também é ruim”, diz o pneumologista Pedro Genta, do Hospital do Coração (HCorSP). “Em ambientes úmidos, o mofo também pode ser um poluente significativo”, lembra. A solução? Manter tudo muito arejado.
As plantas podem ajudar, segundo um longo estudo realizado pela Nasa, a agência espacial americana. O que elas fazem é agir como um filtro, que absorve os poluentes. Quanto mais úmido o ambiente, mais propício ele é para a proliferação de organismos patogênicos. “Por isso, o campeão é o banheiro”, diz o infectologista Fernando Ache de Freitas, diretor médico da Take Care Soluções em Saúde e Meio Ambiente.
O que os olhos veem
Se o que os olhos não veem afetam nossa saúde, o que é visível também pode fazer mal. Resina, cola e tinta usadas nas paredes e nos móveis são cheias de substâncias químicas voláteis, ou seja, que se espalham no ar. São os compostos orgânicos voláteis (COVs), que se desprendem durante a aplicação e causam dor de cabeça, tontura e fraqueza. Por isso, quanto mais arejado o ambiente, mais rápido o cheiro vai sair.
Esses odores fortes afetam o sistema respiratório e os olhos. “As substâncias químicas do ar irritam os olhos. Podem provocar reações alérgicas na conjuntiva ou na córnea, com vermelhidão e prurido”, diz o oftalmologista Fábio João Zamboni, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No quesitoiluminação, ela deve ser planejada de forma a não forçar os olhos. “O principal cuidado deve ser com o ofuscamento, causado pela presença de fontes luminosas excessivamente brilhantes”, completa Zamboni. Se não ficarmos confortáveis em casa, onde mais ficaremos?
Fonte: Revista VivaSaúde edição 103
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