Autor: Allan Lopes
Toda casa, edificação, ambiente ou lugar é um ser vivo, saudável ou enfermo, conforme as condições de anatomia e fisiologia específicas que possui. Conseqüentemente, se em bom estado de funcionamento, é capaz de gerar, acondicionar e nutrir vida em seu interior ou, em caso contrário, causar, induzir e acelerar processos de degeneração e distúrbios nos seres que nele habitam.
A ciência que estuda a saúde e a vitalidade dos ambientes, além de sua relação com a salubridade dos seres vivos neles inseridos, é conhecida por Geobiologia.
A Geobiologia, ou Medicina do Habitat, engloba várias artes milenares e muitos conhecimentos atuais concernentes à utilização harmônica de edificações e lugares. Há quase um século, serve como elo de ligação entre o mundo antigo, com sua forma de ver e, principalmente, de perceber o mundo e a ordem de pensamento que reina na atualidade, na qual tudo o que existe só é considerado depois de medido, pesado, quantificado e qualificado.
Vários países da Europa, notadamente a Alemanha, a França e a Espanha, aceitam a Geobiologia como uma ciência. Grande parte de suas teorias foram comprovadas cientificamente em experiências reproduzíveis em laboratório, sendo inclusive ensinadas em universidades e cursos de pós-graduação para arquitetos. Na América, porém, seu conhecimento é ainda precário e apenas começa a ser difundido de forma mais ordenada. Tudo bastante interessante, mas, na realidade, não havia nada de novo em todo este frenesi que se deu no século passado.
As correntes telúricas e suas linhas de força eram conhecimento comum dos Druidas da antiguidade, e mesmo dos radiestesistas e Zahorís de nosso tempo.
O conhecimento das formas foi mais do que utilizado pelos mestres-de-obra da Idade Média, dos períodos gótico e românico de construções.
A escolha do melhor lugar para se viver ou descansar era uma técnica bastante apurada dos antigos romanos, que elegiam o local de suas cidades após um ano de observação do estado de saúde dos animais que ali pastavam.
Povos nômades também esperavam seus animais buscarem um local de descanso adequado para, então, erigir suas tendas e gozar de um merecido repouso, em preparação para as duras caminhadas do dia seguinte.
Os chineses, com toda a sua sofisticação e observação criteriosa da natureza, desenvolveram, durante milênios, uma arte refinada de equilibrar as energias do lar, conhecida como Feng Shui.
Os indianos possuem também sua maneira de otimizar os fluxos ambientais, através do Vaastu Shastra.
Na Bíblia, temos o relato de Moisés, que crava o seu cajado no solo e faz brotar água. As crônicas de Bagdá do século XI trazem informes sobre seis hospitais, um deles chamado Bimaristan, ou “lugar de enfermos”, construído por volta do ano 982.
Há uma lenda sobre sua fundação, na qual o protagonista é Al-Razi (Rhazes), que nos explica como este médico, consultado sobre o melhor lugar da cidade onde situar o edifício, colocou quatro pedaços de carne em quatro pontos da cidade, afastados entre si. A localização escolhida foi onde o pedaço de carne levou mais tempo para se deteriorar.
Felipe II da Espanha, como muitos dos grandes monarcas, contava com uma equipe de sábios qualificados, que colaborou durante toda a construção de São Lourenço do Escorial, cuidando com sumo esmero da seleção do local, do projeto e da distribuição de todo o edifício.
Nos dias atuais, a Geobiologia, já conhecida como tal, passa a se interessar por outras formas de contaminação da saúde humana, como radiações cósmicas e gases emanados do solo. Como não poderia deixar de ser, ela começa a se preocupar com o efeito colateral da explosão tecnológica que vivemos nos últimos anos e que hoje é seu maior campo de pesquisa. Um de seus objetivos é, portanto, investigar quais são os custos, além dos monetários, que estamos pagando – com nossa saúde – pelo “conforto” advindo dos novos aparelhos e usos da eletricidade e das radiações de microondas, bem como dos materiais de construção modernos.
A Arte Zahorí é uma das linhas de estudo da Geobiologia que considera todos estes aspectos já descritos e, sem deixar de lado o emprego de instrumentos, insiste especialmente no desenvolvimento da percepção do indivíduo, como ferramenta de investigação geobiológica e como diretriz para a própria responsabilidade e método para evolução pessoal. Em princípio, a Arte Zahorí não considera que redes geobiológicas, águas, falhas, Chaminés, Pontos-Estrela e outras alterações naturais sejam fatores nocivos. Se estão na natureza, são parte da Ordem Natural e, portanto, podemos interagir com eles para harmonizar um lugar ou nós mesmos, como normalmente se fez ao longo da história. Apenas quando o abuso e a irresponsabilidade, tanto por ignorância como deliberada, alteram estas estruturas naturais – por exemplo, ao se construir um edifício sem levar em conta tais variáveis – pode se considerar que estes elementos sejam patológicos. Nós mesmos provocamos ou buscamos a alteração e, por conseguinte, a enfermidade.
Somos nós, em última instância, que colhemos os frutos da nossa própria semeadura.
É bastante conhecido o fato de que os romanos, ao eleger um local para a construção de uma cidade, faziam pastar ovelhas por um período de um ano. Elas eram então sacrificadas e seus órgãos internos, principalmente o fígado, eram analisados cuidadosamente. Caso apresentassem um grande número de doenças, deformações ou más formações, o lugar era abandonado e buscava-se um novo.
Os Tuaregues, povo nômade da África, observam onde seus animais descansam após um dia duro de caminhada e montam ali suas barracas. Existem relatos de que os nativos norte-americanos procediam da mesma forma, observando seus animais para a escolha do melhor sítio para suas tendas.
No interior brasileiro, observa-se que os currais são construídos nos lugares exatos onde o gado naturalmente se reúne para dormir, e é conhecido de todos o fato de cães buscarem “bons” lugares e gatos preferirem os “maus”.
É claro que bom e mau é relativo, dependendo intensamente do lado pelo qual se observa a questão.
No entanto, se nos limitarmos somente à observação dos acontecimentos, poderemos utilizar aquela informação de uma maneira sempre proveitosa, escolhendo o lugar do cachorro para dormir e o do gato para cavar um poço – já que normalmente se situam sobre um cruzamento de águas, embora esta não seja uma regra.
Convém dizer também que animais domesticados podem suprimir seus instintos em troca de conforto, carinho e companhia de seus donos.
Portanto, a análise não deve se ater apenas ao comportamento desses animais.
A presença exacerbada de muitos insetos que vivem em sociedades organizadas, como cupins, formigas e abelhas, pode indicar uma zona que, além de geobiologicamente apresentar muitas falhas e águas subterrâneas, com cruzamentos de rede bastante ativos, possui um terreno com desequilíbrio ambiental, onde houve desmatamento inapropriado e a vitalidade terrestre natural deixou de existir.
Antigamente, na Europa central, era prática comum transladar um formigueiro para o local onde se intencionava construir, e as obras somente começavam depois que as formigas, por vontade própria, mudavam-se dali. Caso ficassem, o lugar era considerado insalubre e, então, desistia-se da construção naquele ponto. Estas zonas, portanto, são delicadas, e uma análise cuidadosa antes de construir é fundamental para prevenir sérios prejuízos aos futuros moradores.
Já um local que possua muitos ninhos de pássaros pode estar isento de complicações, pois estes, quando livres, não costumam construir seus lares em locais patógenos.
Existem outros experimentos para certificar se uma zona é realmente boa para construção. Um deles, muito simples, consiste em colocar um prato com uma solução saturada de sal sobre o local investigado e esperar que haja a evaporação da água. Se os cristais se solidificam de maneira homogênea é um forte indício de que a área esteja livre de problemas. Caso a cristalização seja irregular, com alguns cristais grandes e outros pequenos, com formatos diferentes entre si, pode ser que a área esteja densamente povoada de influências geobiológicas. Ao fazer este experimento ao ar livre, deve-se lembrar de proteger o prato de ventos e chuvas, com uma caixa de madeira ou papelão.
Encontramos uma posição cômoda, sentados ou de pé, com a coluna reta, e respiramos tranquilamente. Relaxamos braços e ombros. Depois de três respirações lentas, agitamos as mãos por cerca de meio minuto. Em seguida esticamos os braços para frente, com os dedos das mãos para cima e o pulso dobrado a 90º (como se estivéssemos empurrando uma parede) enquanto expiramos. Relaxamos a tensão e recolhemos os braços quando inspiramos. Repetimos este processo por três vezes. Em seguida, relaxamos as mãos juntando-as lentamente, com as palmas voltadas uma para as outra, até uma distância próxima a 5 centímetros. Buscamos colocar nossa atenção no espaço entre as palmas das mãos, explorando nossas sensações, que normalmente podem ser:
Ligeira resistência no ar.
Sensação suave.
Formigamento tênue.
Variação de calor. -
Ao agitar as mãos aumenta-se o fluxo sanguíneo e se acumula energia (o Chi dos taoístas, Prana para os hindus), aumentando a sensibilidade. No caso de não sentirmos nada, repetimos o exercício mais uma vez. Muitas vezes este processo se refere mais a estar relaxado do que de ter muita sensibilidade, e também a deixar que tudo aconteça de uma maneira simples.
Nossa natureza é sentir, ou seja, o melhor é relaxar e aproveitar, explorando as sensações sem se preocupar com qualquer objetivo.
Fonte: Made in Forest Via: Minha Casa Saudável
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