Abundante na natureza, Amianto é encontrado sob diversas formas
Foto: Jordi Masagué
O amianto, também conhecido como asbesto, é uma fibra mineral encontrada abundantemente na natureza. A fibra é largamente utilizada em escala industrial devido ao baixo custo e as propriedades naturais do mineral, tais quais a alta resistência, boa qualidade isolante, flexibilidade, durabilidade e incombustibilidade.
O amianto está presente em cerca de três mil produtos, desde telhas e caixas-d'água "de eternit" até em pastilhas de freio, tecidos, pisos e tintas.
Basicamente, é encontrada na natureza sob duas formas: amianto branco (serpentinas), correspondente a 95% das manifestações existentes do mineral, e os amiantos marrom, azul e outros (anfibólios). No Brasil, o amianto está presente em cerca de três mil produtos, sendo mais difundido em telhas e caixas-d'água (da empresa brasileira Eternit), mas é largamente encontrado em pastilhas de freios, tecidos, pisos e tintas.
O amianto é utilizado desde os primórdios da civilização, já considerado até como a seda natural ou o mineral mágico, principalmente para reforçar utensílios cerâmicos. No entanto, foi somente após a Revolução Industrial no século 19 que o material começou a ser utilizado em larga escala.
A fibra flexível foi utilizada para isolar termicamente máquinas e equipamentos, atingindo seu apogeu durante as duas guerras mundiais. Logo, apareceram as epidemias de doenças, trazendo à tona o lado negativo do amianto, chamado então de "poeira assassina".
Contaminação
As fibras de amianto são extremamente finas e longas, separam-se com facilidade e produzem um pó de partículas minúsculas que aderem às roupas e flutuam no ar, sendo facilmente inaladas ou engolidas. Estas características, que potencializaram o uso comercial, evidenciam a periculosidade da substância.
Há diversas doenças comprovadamente associadas ao uso do amianto, sendo as principais a asbestose, doença crônica pulmonar conhecida como “pulmão de pedra”, que afeta principalmente quem trabalha diretamente com o mineral; cânceres de pulmão e do trato gastrointestinal; e o mesotelioma, tumor maligno raro que pode surgir em até 30 anos após a contaminação.
As chamadas "telhas de eternit" ainda são muito comuns no Brasil
Foto: fazen
A contaminação se dá geralmente devido ao contato direto com a substância, atingindo diretamente os trabalhadores que lidam com o mineral. Contudo, já há registrados casos de contaminação ambiental até no Brasil, desde de mulheres que lavavam as roupas dos maridos trabalhadores até pessoas que moravam próximas às fábricas.
125 milhões de trabalhadores em todo o mundo estão expostos aos efeitos do amianto. Doenças causadas pelo mineral resultam em 107 mil mortes por ano.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o amianto cancerígeno desde 1977. Segundo estimativas da organização, 125 milhões de trabalhadores em todo o mundo estão expostos aos efeitos do amianto, sendo que doenças causadas pela substância resultam na morte de 107 mil trabalhadores anualmente.
A OMS indica ainda que um em cada três casos de câncer trabalhista é causado pela inalação das fibras de amianto. Em toda a Europa ocidental, estima-se que o câncer causado por amianto matará 250 mil pessoas entre 1995 e 2029. No Brasil, embora seja acusado de subnotificação, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 25.093 casos de câncer provocados pelo amianto entre 2008 e 2011, e 2,4 mil mortes entre 2000 e 2011.
Minaçu (GO) possui a maior mina de amianto crisotila do Brasil
Foto: Fe Coelho
Foto: Fe Coelho
Controle
O amianto começou a ser proibido há quase três décadas, tendo sido vetado pela Noruega em 1984. Banido em toda a União Europeia desde 2005, estuda-se agora a descontaminação ambiental das cidades nas quais havia minas e fábricas de amianto para evitar o aumento do número de mortes de cidadãos. Atualmente, o mineral está proibido em 66 países. No Brasil, o uso controlado é autorizado, exceto em São Paulo, que possui uma lei estadual banindo a substância.
80% do amianto produzido no Brasil, de 75 a 2009, permanece no país sob a forma de produtos e resíduos.
Documentos demonstram que a indústria já conhecia a relação entre o amianto e as doenças letais desde os anos 30. Apesar de todas as evidências contrárias, os grandes produtores mundiais insistem que um dos tipos do mineral (justamente o mais abundante, o amianto branco ou crisotila) tem uso seguro. O setor que gera 170 mil empregos diretos e movimenta US$ 1,5 bilhão por ano.
O Brasil, cuja maior mina se situa em Minaçu (GO), é o terceiro produtor mundial, depois da Rússia e China, o segundo exportador e o quarto usuário de amianto. Entre 1975 e 2009, foram produzidas no país mais de seis milhões de toneladas de amianto, sendo que 80% ainda permanecem no território nacional sob a forma de produtos e resíduos, segundo a secretaria de geologia do governo.
O Canadá, quinto maior produtor e quarto exportador mundial do mineral, consome muito pouco da substância em seu território (menos de 3%), onde o uso é limitado. Para se ter ideia, um cidadão americano se expõe em média a 100g/ano, um canadense a 500 g/ano e um brasileiro, mais ou menos, a 1.200g/ano.
Fonte: EcoD
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