terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Vai pintar a casa? O que você deve saber sobre as substâncias tóxicas das tintas

A tinta imobiliária representa 80% do volume total de tintas produzidas no Brasil, que é um dos cinco maiores mercados mundiais do produto, segundo a Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas). É uma pequena parte disso que está nos galões que você compra pra pintar a casa nova ou reformar o apartamento.
Mesmo capaz de trazer uma sensação boa de “lugar novo”, as tintas escondem substâncias nocivas à saúde, como os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Na teoria, os COVs são compostos orgânicos que contêm pelo menos um átomo de carbono e um de hidrogênio na sua estrutura molecular e que têm baixo ponto de ebulição, por isso, voláteis. Existem em várias formas estruturais, incluindo álcoois, cetonas, ésteres e aldeídos*. Na prática, é importante saber que são tóxicos e fazem mal à saúde.
A exposição prolongada aos COVs pode resultar em efeitos crônicos e agudos, como depressão do sistema nervoso central, cefaleia, fadiga, confusão, irritação dos olhos, trato respiratório, pulmões e pele, dor de cabeça, danos ao fígado e rins e até mesmo câncer. E não estão só nas tintas. Também são encontrados em materiais de construção, adesivos, artigos para limpeza, fumaça de cigarro, combustíveis…
Benzeno, tolueno e xilenos são COVs com grande potencial tóxico. O benzeno, por exemplo, é colocado na gasolina para melhorar a sua qualidade e também aparece na fumaça do cigarro.
LeisEm 2008, entrou em vigor a Lei 11.762 que fixa o limite máximo de chumbo, um metal pesado, em 0,06% na fabricação de tintas imobiliárias, de uso infantil e escolar e vernizes.
Já os Compostos Orgânicos Voláteis são autorregulados pela própria indústria por meio da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas. A referência utilizada é o nível máximo previsto na legislação da União Europeia.
A Abrafati também implementou o “Coatings Care”, programa que estabelece algumas diretrizes para que os fabricantes de tintas melhorem processos e ofereçam produtos com mais qualidade para o meio ambiente e para a saúde das pessoas. A lista das fabricantes associadas você encontra aqui.
Na hora de escolher
Uma reportagem da revista Página 22 publicada em 2011 dá um breve panorama sobre duas empresas líderes de mercado, a alemã Basf e a holandesa AkzoNobel, que respondem pelas marcas Suvinil e Coral, respectivamente.
No site da Suvinil, a descrição da composição acompanha a apresentação dos produtos e é possível encontrar informações como “não contém benzeno e metais pesados”. O site da Coral oferece fichas técnicas mais completas de suas tintas, mas com algumas informações genéricas na descrição da composição dos produtos, como “outros aditivos”, sem especificações.
As fichas trazem também a quantidade de COVs presente em cada tipo de tinta. Por exemplo: a tinta Coralar Látex tem 1,77 g/L de Compostos Orgânicos Voláteis, ao passo que a Coralar Tinta Acrílica apresenta 7,14g/L. Ambas são diluídas em água. Já a tinta óleo Coralsol Brilhante salta para 437,09 g/L e usa solventes.
Uma dica para escolher melhor as tintas é comprar aquelas que são a base de água, não de solventes. Antes de ir à loja, entre nos sites e busque informações fornecidas pelo próprio fabricante. E para evitar desperdícios desnecessários, calcule o que será usado e evite comprar muito mais do que o previsto.
*Artigo “Poluição de Ambientes Internos”, publicado na revista da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologias (2011).

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